Linha de raciocínio, linha de raciocínio_____ Porra! não ando a fazer nada. Estou a ir outra vez. Outra vez, outra vez. Um momento grotesco antes da minha mais bizarra tentativa de suicídio. Não este. Ai, tantos outros. As linhas verdes que me fazem acreditar que o suicídio não é físico. Não é físico. Quero mais PALAVRAS! "Palavras se faz favor..." Desconfio que se soubesse todas as palavras do mundo não seria capaz de reflectir (reflectir, reflexos... AH! Tão bons os reflexos... A luz, a luz...) o que penso de uma forma mais clara. O céu é claro. O meu suicídio não é físico. Só meto o meu eu dentro de mim. Ai, MÃOS... P´ra quê? Não me servem. O corpo é um factor externo, não me interessa. O factor externo que mais me irrita. FOME ---> comer, SONO ---> dormir, SEDE ---> beber 1,5 L de água por dia. Fodasse! Que merda... e eu só digo asneiras. Este CORPO prende-me. E eu vou matando o que se aloja dentro de mim porque me apetece. Não, não me apetece. São as crises. Pseudocrises? NOP! Psicocrises. Nascem deste centro de convulsões. É o monstro. E eu ando-me a esquecer de mim outra vez. Caio neste quarto de tapete azul como o céu, mas nunca melhor, e lembro-me outra vez porquê. Caí ao chão. MONSTRO.... fazes de mim o que eu sou. Tens o meu nome. Não a minha cara, nem as minhas mãos, porque a essas eu não as conheço. E isto de os chamar de meus. Eu sou eu dentro de mim. E isso é infinito... o meu corpo acaba. Eu não. Em comprimento, claro. Em comprimento de ideia. Oideia Nideia Dideia Aideia Não sei o que é a eternidade, nunca a vi, não sei do que se fala. É como estar de joelhos em cima da cauda.
olharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolharolhar
VER
ver isto tudo à minha volta
... e fecho os olhos, porque assim o céu é mais azul. o céu não cega. e tem uma luz uniforme.
está enevoado e eu vejo as estrelas.
2 comentários:
Ves estrelas porque vês através do olhar. Somos alguém para nós mesmos, cá dentro, mesmo que alguém capaz de nos destruir.
A CAMINHADA
Que são palavras sem dor?
A limitada emoção de ver teu novo cognome no ecrã
não se compara
ao ritmo bulímico da aceitação
deste corpo,
frágil e refeito em momentos
resistente mas cicatrizado de simbolismos,
tão perdido a tentar libertar um desejo
que possa ser seu, um objectivo
assumido.
Foram olhares que não conseguiu retribuir,
os únicos
que poderiam deslizar pela lama das formas
enregeladas mas moldáveis,
prevalecendo uno com som puro e afinado
como pardais ao amanhecer,
jovens de braços soltos
do ninho para as crostas até ao desalento.
Somos meras amoras
de tristeza banal fraca demais
para se suster sozinha
na mentira que é a nossa vida.
Sim minha senhora
quero e uso a educação para criar contraste,
num fugaz relato de veias com sangue
sem perseverança para colar as asas e voltar a contestar
a ferida, nas canadianas de angústia
é este o destino
e todos fingem amar e não sabê-lo.
As flores apontam o dedo ao fumo das secreções
pois sabe bem ser falso optimista e
rotular a morte que todos alimentamos.
É vício, ilusão inebriante atropelada de
glamour amolgado nas lajes do tempo,
todos te conhecem e se perdem em ti
ou ficam ociosas crianças no hábito de
corda ao pescoço e telecomando à mão,
afogados nos lençóis escorregadios da espera
de ver, um dia, a face idílica da epidemia
sussurando o bilhete da passagem proscrita.
Sei da condição, sinto-a a provocar-me
para a partir em pedacitos miseráveis quando assim fôr
a última forma de expressão
possível.
joão meirinhos 2003
in fotosíntese
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